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Da marginalidade ao estrelato: o samba na construção da nacionalidade (1917-1945).

Tipo de documento:
Dissertação de mestrado

Autor:
Fabiana Lopes da Cunha

Orientador:
Nicolau Sevcenko

Local:
USP - FFLCH

Data:
2000

Publicação - Livros / Artigos

Descritivo:
Editado como livro. Ver ficha específica.

Assunto:
O papel do samba na construção da nacionalidade na Era Vargas, analisando o processo pelo qual o samba foi deixando de ser uma música de marginais para se tornar a música que exaltava o trabalho e o governo.

Palavras-chave:
1917-1945; Música Popular; Identidade Nacional; Era Vargas; Rio de Janeiro.

Resumo:
Analisa as mudanças estilísticas que o samba sofre no decorrer das décadas de 1920 a 1940. Estuda como um gênero, que no início do século XX era visto como música de marginais e vadios, sofrendo por isso perseguição policial, transforma-se no fim dos anos 1930 em símbolo de brasilidade. Com a nova geração de sambistas provindos do Estácio, no Rio de Janeiro, o samba passa a ter um ritmo mais sincopado, o que lhe deu mais ginga e sensualidade. Juntamente com a expansão da radiodifusão, o sucesso das composições cresce ainda mais. Com o “pessoal da Vila Isabel”, oriundo das camadas médias do Rio de Janeiro, o samba passa a ser mais divulgado, surgindo verdadeiras estrelas do rádio como Mário Reis e Carmem Miranda. Desta forma, sem poder conter o sucesso do gênero, as autoridades passam a buscar meios de disciplinar e usar o samba como propaganda estatal. Com o Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda e o trabalhismo, o sambista é obrigado a exaltar o trabalho, a vida regrada, o chefe da nação e o Brasil de forma ufanista. O samba, nascido coletivamente nas comunidades afro-brasileiras com mudança ritualística vinculada ao sagrado, transforma-se em “escola” na década de 1930 e em símbolo de brasilidade no início dos anos 1940, exportando a imagem de um Brasil grandioso, colorido e, para a tristeza de muitos, exótico.

Fontes:
Depoimentos:
ALMIRANTE – Depoimento concedido ao Museu da Imagem e do Som (Rio de janeiro) em 11 de abril de 1967.
SANTOS, Alcino. Documentação, discografia e depoimentos (colecionador e pesquisador da música popular brasileira) concedidos à pesquisadora em Taubaté durante os anos de 1993 a 1996.

Discografia
• Noel Rosa, RCA-camden 1971
• Carmen Miranda, Imperial, 1969
• Ataulfo Alves, Abril Cultural, 1970
• Custódio Mesquita, Abril Cultura, 1971
• Pixinguinha, Abril Cultural, 1970
• Ari Barroso, Abril Cultural, 1970
• Lamartine Babo, Moto Discos, 1988

Bibliografia específica:
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