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O combate ao samba e o samba de combate: música, guerra e política, 1930-1945.

Tipo de documento:
Dissertação de mestrado

Autor:
João Ernani Furtado Filho

Orientador:
Maria Izilda Santos de Matos

Local:
PUC-SP

Data:
1998

Publicação - Livros / Artigos

Descritivo:
Publicado como artigo. Ver ficha específica

Assunto:
Estudo sobre a relação entre a música popular e a política durante o governo Getúlio Vargas (1930-45), levando em conta o papel desta relação durante a Segunda Guerra Mundial.

Palavras-chave:
1930-1945; Era Vargas; Samba; Segunda Guerra Mundial; Rio de Janeiro

Resumo:
A investigação enfoca alguns aspectos da relação entre música e política durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-45). Discute os discursos que qualificavam (ou desqualificavam) os ritmos ditos populares, alegando que nestes gêneros musicais haveria um exagerado sensualismo; um apelo às tragédias do cotidiano; um sentido de paródia que desmoralizava até mesmo os fatos e personagens mais sérios; um exacerbado elogio à malandragem e um tratamento bastante depreciativo do trabalho e do trabalhador. Mais que isso, esta crítica ao samba (e aos demais gêneros tidos populares) alegava que as letras destas composições estariam impregnadas de vícios, gírias e jargões pouco adequados ao bem falar e escrever. Este exame é feito tomando-se como corpo documental principal artigos e matérias publicadas pela Revista Cultura e Política e pelo suplemento literário Vamos Lêr!, além de outros materiais bibliográficos e hemerográficos. A dissertação também centra-se na questão concernente ao estado de beligerância mundial e à política de “boa vizinhança”, quando tornou-se, de algum modo, recomendável a inserção destes ritmos considerados populares e do rádio no esforço de guerra; o que amainará, porém não eliminará, as críticas acrimoniosas contra estes gêners musicais. Todavia, ao passo que eram incorporados, mais e mais, na política de propaganda, os sambas e marchas deste período foram cristalizando um discurso de legitimação e mesmo de combate a alguns aspectos do governo Vargas: racionamento, falta de liberdade e carestia.

Fontes:
Fontes fonográficas
• Mais de 240 músicas utilizadas, dentre elas sambas, marchas, valsas etc. Produzidas na Era Vargas.
• Gravações originais (78rpm) coletadas junto ao Arquivo Miguel Ângelo Azevedo (NIREZ), Fortaleza, CE – Brasil.

Fontes hemerográficas
• Revista Cultura Política. Revista mensal de estudos brasileiros (1941-45)
• Revista Vamos Lêr! (após 1941, Vamos Ler!) (1939-43)
• Apelo ao Chefe do Governo Provisório: Getúlio Vargas. Coletado no Arquivo Multimeios do Centro Cultural de São Paulo (IDART/CCSP)


Fontes bibliográficas
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